A
cerca de vinte e um quilómetros da sede do concelho, para
oriente, a freguesia de Nossa Senhora da Assunção
de Safara encontra-se situada entre as ribeiras de Ardila, Murtigão
e Toutalga, e entre Moura e Barrancos. Tem uma área de cerca
de sessenta hectares.
O seu povoamento é muito antigo e remonta, pelo menos, à
época romana. Dos árabes, ficou como legado cultural
o próprio nome da freguesia. Safara, com efeito, é
um topónimo de origem árabe que está relacionado
com a sua localização. Significa campina.
Fazendo fronteira com Espanha, sofreu Safara algumas investidas
das tropas castelhanas, nos tempos em que ambos os Países
se degladiavam. Foi nesta freguesia, e na freguesia vizinha de Santo
Aleixo da Restauração, que D. Henrique Henriques,
governador da vila de Moura, recrutou, em 1642, cinquenta mosqueteiros
para perseguir soldados de Castela. Américo Costa descreve
os acontecimentos desse ano: (Os castelhanos) tinham vindo
falar aos subúrbios daquela vila, fazendo grandes presas
em gado. Alcançados estes, apreenderam-lhes o gado que haviam
roubado e mais de quarenta cavalos. A breves dias deste acontecimento,
D. Francisco de Sousa vem a Moura e prepara a derrota sobre Aroche.
Mandou para isso reunir mil e quinhentos infantes e sessenta cavaleiros,
tropa em que se encontravam valorosos soldados de Safara.
Saqueada em 1647, Safara acabou por resistir bravamente até
à paz definitiva, que ocorreu a 13 de Fevereiro de 1668.
Em termos eclesiásticos, a sua paróquia foi um priorado
da apresentação da Ordem de Avis. Recebia o prior,
anualmente, cento e vinte alqueires de milho, cento e vinte de cevada
e vinte mil réis em dinheiro. A nível administrativo,
estava Safara na comarca de Beja em 1839, e na de Mértola
doze anos depois.
Toda a freguesia, com todos os seus elementos paisagísticos,
merece uma visita com olhos de ver. O próprio
José Saramago, em Viagem a Portugal, refere-se
a determinados cenários deslumbrantes: O viajante espanta-se
com o alheamento da gente cinematográfica portuguesa em relação
a cenários naturais que para todos os gostos e necessidades
possuímos abundantemente. (...) Vai-se rematando a tarde,
subtilmente refrescada, se de refresco se pode falar, mas as árvores
da beira da estrada ajudam, as terras movem-se um pouco no ondular
das colinas, e o viajante começa a respirar com deleite.
Ana Barbosa e Leonor Briz, por seu lado, aconselham em Viagens
na Nossa Terra uma visita a Safara num percurso a ser iniciado
em Moura e a terminar em Noudar Barrancos: Já
perto de Safara, uma concentração de fornos de carvão
de azinho exemplifica um dos usos mais ancestrais da floresta. A
povoação recebe-nos com a Cooperativa de Olivicultores,
onde se produz e vende o azeite da terra. Suba pela esquerda, espreite
a ermida de Santa Ana (século XVII), circular, e estacione
na Praça 25 de Abril, a que uma sumptuosa igreja seiscentista
dá uma beleza popular.
População: 1600
Actividades económicas: Agricultura, pecuária, extracção
de azeite, serralharia civil, carpintaria, panificação
e comércio
Festas e Romarias: SantAna (1.º fim-de--semana de Setembro),
Semana Santa (bienal) e S. Sebastião (20 de Janeiro)
Património:
Igreja matriz, capela de SantAna, igreja de S. Sebastião,
cruzeiro, castro, moinhos de água, ponte romana e ponte manuelina
Outros Locais: Zona de caça associativa e turística
Gastronomia: Ensopado de borrego, gaspacho, migas, açorda,
enchidos, queijo de cabra e ovelha, pastéis de Safara, bolo-podre
e bolo rançoso
Artesanato: Cestos em verga, cadeiras em buinho, ferro forjado,
ferraria e rendas e bordados